quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Minha infância

Minha infância... Ah! Como não lembrar dela? Foi a mais bela, e sabe porque? Porque foi a minha infância. Simples assim! Cada um teve uma infância, mas nem todos tiveram uma infância feliz. Eu vivia em um sítio, meus pais sempre moraram na roça e de lá nunca saíram, e se saíram, era por pouco tempo. Na minha infância, não se ganhava presente, aliás, minto, ganhava lá de vez em quando, em épocas especiais, como natal e aniversário, e sempre era aquela alegria. Costumava passar uns 3 dias ou até mais, somente brincando dentro de casa para que o brinquedo não sujasse ou não gastasse no terreiro de terra. Mas a vontade era maior e nos empurrava para brincar no terreiro grande.

Eu e meus irmãos(2) brincávamos muito. Não pense que os brinquedos eram só os que ganhávamos de presente. A gente "fabricava" nossos brinquedos: era "arquinho" - um aro pequeno que era empurrado com um pedaço de ferro ou algo resistente  que a gente enfiava dentro de um pedaço de madeira para ter onde pegar. Veja este pequeno vídeo e vai entender como é, explicar é difícil:  http://www.youtube.com/watch?v=8xGBdU3GLow Íamos longe com esse brinquedo. Outro brinquedo que nunca esqueci era rodar um pneu com as mãos ou um pedaço de pau. Para fazer a volta ou curva, bastava colocar o pau que a gente segurava na lateral do pneu. Viajava nisso!! Um outro brinquedo que usava era usar duas latinhas dessas de massa de tomate, uma em cada mão, e andar de quatro pé, imitando boi. As latinhas serviam como cascos dos animais. Usava somente nas mãos. Os pés dava o apoio para andar ou até galopar! Minha mãe ia levar comida para os trabalhadores que ajudavam meu pai e eu ia atrás de "casco de boi", que era como eu chamava o brinquedo. Uma maravilha!

Outro que gostava muito era com a roda do carrinho de mão. Não era essas roda com pneu. A roda era de ferro. Enfiava um pedaço de pau atravessando a roda e, segurando com as mão, uma de cada lado, empurrava a roda e ia controlando a velocidade e direção. Em dias de chuva, ficava com o peito/camisa todo sujo pois a roda jogava barro a medida que se movimentava. Eu, meus irmãos e meus primos acho que foram os únicos a brincarem assim, com esta roda. E corria bastante. Hoje agente vê o perigo que era, caso aquele pedaço de pau, atravessado no furo da roda, quebrasse. Brincava de dupla, que nada mais é, do que brincar de bola com 4 pessoas. Dois chutavam, alternadamente, e dois agarravam no gol. Tinha a tal de rebatida, caso não conseguisse segurar firme o chute, o companheiro de que chutou ficava só na espera e caso fizesse o gol, valia 2 gols!! Futebol de botão...Ah! Como era bom! Eu e meu primo, João Batista, brincamos muito disso. Disputávamos campeonatos, várias partidas, com tabelas feitas no papel, mas somente eu e ele jogava, pois estávamos sozinhos brincando. Marcávamos o tempo de 10 minutos para cada partida e ia eliminando até ficar a decisão. As vezes dava briga. Outro divertimento nosso era brincar de pique dentro d'água...nossa era muito bom. Quem já brincou sabe o que estou falando.

Lembra a atiradeira? Um gancho, geralmente de goiabeira, onde se amarrava pedaços de câmara de ar e um pedaço de couro onde se colocava a pedra. Na época era muito bom... mas matar os passarinho era a parte triste. Já pedi perdão a Deus por isso. Mas quem nunca, naquela época, fez uma "tiradeira"?? Pescávamos de balaio, as vezes a noite e eu ia segurando o saco de peixe e meu primo e meu irmão ia dentro d'água "jogando o balaio" de um lado e outro. Pegava muito peixe! As vezes, se pescava só com uma lanterna e um facão na mão - isso nó chamávamos de "faxiar", as vezes, era só de loca(lê-se lóca), que é pegar o peixe dentro de um buraco, retirando a água. Meu primo era "mestre"  nisso. Andava a cavalo, brincava de pique nos galhos de uma jabuticabeira - se descesse para o chão estava pego! Brincava de casinha com minha prima: ela era a mãe e eu e meu primo seus filhos e a gente viajava no faz de conta.

Outra brincadeira que gostava muito, era pegar uma tampa de panela da minha mãe e saia correndo dirigindo o meu "carro". Parecido com este, pois dirigia também um carro ou caminhão, dependia do faz de conta, era fincar no chão uma roda de ferro do carrinho de mão e colocar pedaço de madeira fincado ao lado para servir de embreagem e freio... e aí, era só deixar a imaginação fazer o reto! Mas tinha que fazer o barulho do motor com a boca "VRUUUMMMMMMM. Sentado no chão, com as mãos no volante(roda de ferro) e os pés na embreagem ou freio. Na roda de ferro, eu enfiava um pedaço de pau para fincá-la no chão. Bons tempos! Além desses, tinha outros que, se ficar escrevendo aqui, enche muitas páginas! É... a gente cresce e tudo isso vira uma lembrança... Lembrança de um tempo que tudo era brincadeira, sem responsabilidade, só diversão. Não nos preocupávamos se meu pai passava alguma dificuldade para nos sustentar, se minha mãe iria lavar aquela roupa suja de terra na mão. Via meu pai sair para o curral para tirar leite e ia para lá, até que aprendi a tirar leite. Tinha ainda o futebol. Jogava no time do Poeira! Pode?Vivi esta vida de campo até os meus 20 anos... Foram os 20 anos mais felizes da minha vida.

O máximo de modernidade naquela época era a televisão, mas na cidade, pois na roça só a partir dos anos 90. Não existia computador, pelo menos a gente nem se preocupava com isso. Hoje tudo é passado. As vezes, quero voltar naquele tempo mas ninguém estará lá para brincar comigo, simplesmente porque todos que estavam lá naquela época, claro, também cresceram e são responsáveis por suas vidas. Meu pai já faleceu, minha mãe ainda é viva e, graças a Deus, muito esperta. Dizem que SAUDADE não tem tradução, mas para mim saudade é, e sempre será, o meu tempo de criança! A minha infância! Um tempo que se foi mas deixou uma grande saudade dentro do meu coração. Ah, se eu pudesse voltar no tempo...!

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