quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Incontinência urinária



Não importa a ocasião: o o impulso de ir ao banheiro é irresistível. Contra a sua vontade, o indivíduo urina, a qualquer hora e em qualquer lugar. Segundo o urologista Rômulo Maraccolo Filho, do Serviço de Urologia do Hospital Universitário da UNB (HUB), a situação descrita acima é um importante sintoma clínico de incontinência urinária (IU). De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), o problema afeta 50 milhões de pessoas em todo o mundo. As mulheres sofrem mais - cerca de 30% da população feminina com mais de 60 anos são acometidas pelo mal. Entre homens da mesma faixa etária, o índice chega a 10%.


A perda indesejada de urina pode até não evoluir para outras enfermidades mais sérias, mas tem como efeito colateral  um constrangimento social sem tamanho. "Apesar de não apresentar um risco vital, a IU pode causar um grande impacto negativo na qualidade de vida nas pessoas acometidas", completa Maracollo Filho. "Elas podem, inclusive, desenvolver sequelas psicológicas severas e afastamento do convívio social e familiar". Fatores comportamentais, como levantar muitas vezes durante a noite para urinar, deixar de sair de casa e, até mesmo, depressão são algumas das consequências do problema.



O que é

A incontinência Urinária (IU) é um importante sintoma clínico e se caracteriza pela perda involuntária de urina. É dividida em três tipos:

  1. De esforço - É a perda urinária que ocorre com algum esforço físico, como quando a pessoa tosse, ri, faz exercício ou se movimenta.
  2. De urgência - Caracteriza pela vontade súbita de urinar que ocorre em meio a atividades diárias; a pessoa perde urina antes de chegar ao banheiro.
  3. Mista - Associa os dois tipos anteriores. O sintoma mais importante é a impossibilidade de controlar a perda de urina pela uretra.

Como acontece
  1. A incontinência urinária ocorre por alguma falha no sistema de armazenamento da urina (bexiga, uretra e musculatura pélvica)
  2. Localizado entre as coxas, na parte inferior da bacia, o assoalho pélvico é o grupo de músculos que controla o relaxamento ou a contração da uretra e do reto, além de dar suporte aos órgãos internos.
  3. No assoalho pélvico, os esfíncteres funcionam como válvulas.
  4. Uma vez frouxos ou enfraquecidos, esses músculos acabam permitindo vazamentos involuntários de urina.
Causas
  • Distúrbios da musculatura pélvica e da uretra, como perda da força muscular, lesão do músculo em partos difíceis, cirurgias pélvicas, obesidades, etc
  • Doenças da próstata
  • Gestação, pelas alterações anatômicas e hormonais características dessa fase
  • Alterações de controle da bexiga, como bexiga hiperativa (ela se contrai mesmo contra a vontade do paciente), que leva a IU de urgência
  • Doenças neurológicas, como Parkinson ou Alzheimer
  • Diabetes melito
  • Genética 
  • Obesidade
  • Determinados procedimentos cirúrgicos ou irradiações que danificam os nervos da região pélvica.
Diagnóstico
  • Consulta médica especializada, na qual são detalhados e investigados os principais problemas clínicos, comportamentais ou anatômicos relacionados à IU.
  • Podem ser necessários também exames de imagem (ecografia, tomografia computadorizada, cistografia) e funcionais (urodinâmica).
Tratamento
  • Fisioterapia pélvica: exercícios para reforço dos músculos da pelve. Eficaz especificamente na IU feminina. Para gestante a fisioterapia pélvica pode tanto corrigir o problema como atuar preventivamente, fortalecendo os músculos pélvicos e corrigindo alterações comportamentais.
  • Casos de IU de urgência são, na maioria das vezes, resolvidos com tratamento medicamentoso.
  • Para casos que não respondem aos tratamentos menos invasivos, se pode usar aplicação periódica de toxina botulínica (botox) na bexiga.
  • Tratamento cirúrgico: uma das técnicas é o sling sub-uretral, em que é inserida, por meio de pequenas incisões de 1cm, uma faixa de 10cm a 15cm de polipropileno ( o mesmo material dos fios cirúrgicos). A faixa é colocada na região púbica ou no períneo. Ela cria um suporte para a uretra e impede a perda urinária causada por esforços físicos.
  • Outros tratamentos mais complexos são o implante de esfíncter urinário artificial ou a neuromodulação vesical.


Palavra do especialista

Porque mulheres tem mais incontinência urinária que os homens?
É uma questão de diferença anatômica. Os músculos da uretra do homem são mais fortes. Na vagina, há o espaçamento para passar o feto, por exemplo. Mas o problema da bexiga hiperativa ( que se contrai independentemente da vontade do paciente) atinge homens e mulheres. Nesses casos, os homens tem menos chances de perder urina, mas a urgência também existe.

Existe algum tipo de comportamento ou estilo de vida que torne a pessoa mais propícia a desenvolver o problema?
Não. Nada do que o paciente faça ou deixe de fazer vai gerar a incontinência urinária.Existem, contudo, casos de predisposição genética. Por exemplo, há mulheres que não deram a luz e, mesmo assim, tem incontinência. Ou seja, tirando a obesidade, nenhum dos fatores é controlável.

Crianças pequenas não exercem controle nenhum sobre a bexiga. Elas também pode ter incontinência urinária?
Só se fala em incontinência urinária infantil depois dos três anos de idade, quando a criança não consegue controlar a saída de urina durante o dia. À noite, é normal que a criança urine na cama até os cinco anos. Depois disso o caso merece alguma atenção e os pais devem procurar um urologista.

A incontinência urinária pode ter causas psicológicas?
Sim, mas são casos muito raros. Casos de ansiedade e/ou estresse podem influenciar no surgimento do problema.

Há algum tipo de incontinência urinária que não pode ser corrigido?
A maioria é corrigível, mas há casos graves que são mais difíceis, como em casos de doenças neurológicas, esclerose múltipla, derrame, fraturas na bacia ou lesões na uretra.

Fernando Almeida é médico urologista do Departamento de Urologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

Fonte: Por: Gláucia Chaves/Revista do Correio 

Para saber mais: http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?253

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