segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Pimenta. O que você sabe sobre ela?






Além de dar mais sabor à comida, a pimenta ajuda a controlar o peso, melhora a saúde do coração e pode diminuir a dor. Quando se fala da culinária baiana, vem logo à cabeça a pimenta. O que seria de um bom acarajé sem ela? Se os benefícios que a pimenta confere aos acepipes(aperitivos, petiscos) e pratos já são antigos conhecidos da nossa civilização muito antes da Bahia ser o que é, recentemente a ciência vem descobrindo que ela é ótima também para a saúde e para o controle do peso. Nem toda pimenta é tão cheia de predicados. As propriedades terapêuticas estão principalmente no gênero capsium, o mais popular no Brasil, que inclui a malagueta e outras pimentas vermelhas.




O ardidinho delas é dado por uma substância chamado capsaicina,  que é também a que ajuda a emagrecer, diminuir a dor e a proteger o coração.
Imagine a consumir algo que ajude a queimar calorias. É o sonho de todo mundo que está de dieta. "A capsaicina acelera o metabolismo, e, por isso, é considerada uma substância termogênica", explica o médico  nutrólogo Carlos Alberto Werutsky, membro da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). " Estima-se que o consumo diário de pimenta chega a queimar 100 calorias por semana. parece pouco, mas o tempero pode ser um bom aliado nas dietas de emagrecimento", explica ele.

Um estudo divulgado no início de 2011 comprova não apenas seu poder termogênico, que permanece até algumas horas depois da refeição, como também a capacidade de diminuir o apetite. Pesquisadores da Purdue University, nos Estados Unidos, ofereceram a voluntários 1 g (meia colher de chá) de pimenta vermelha, quantidade bem aceita pela maioria das pessoas. Foram recrutadas 25 pessoas, 13 que gostavam de pimenta e 12 não, e elas participaram de um estudo de seis semanas.Medições de metabolismo mostraram que o corpo dos primeiros funcionava de forma mais acelerada, além de consumirem menos calorias nas refeições em que salpicavam o condimento em seu prato. Mas parece ser necessário sentir o ardor para se beneficiar das propriedades da capsaicina. Outros estudos demonstrou que o consumo em capsulas não trás os mesmos benefícios.



Comer pimenta dá uma acelerada no metabolismo, como já vimos. E muita gente pensa que isso pode fazer mal ao coração. Pois é exatamente ao contrário. Uma recente pesquisa mostrou o que o ardidinho pode trazer de bom para o órgão. Durante duas semanas um grupo de ratinhos recebeu, todos os dias, uma pequena dose de extrato de pimenta dedo de moça, uma das mais consumidas no país. Terminado o prazo de 15 dias, o sangue desse animais foi coletado e comparado com os ratinhos que não receberam a pimenta. "O resultado foi bastante impressionante, pois tivemos uma redução em torno de 45% nas taxas de colesterol dos animais", diz a nutricionista e uma das coordenadoras do estudo Márcia Keller Alves, da Faculdade Nossa Senhora de Fátima, em Caxias do Sul (RS). "Uma redução do colesterol total, tanto em humanos quanto em cobaias, mostra que se reduz também o risco de desenvolver doença arterial e arteriosclerose".

A pesquisa gaúcha vai ao encontro de tantas outras realizadas no pelo mundo, com a da Universidade Médica em Chongquing, na china. O estudo comprovou que é possível reduzir a pressão sanguínea com o consumo de pimenta. Ela age no aumento da produção do óxido nítrico, uma molécula que relaxa e protege os vasos.

Outro benefício da capsaicina é seu efeito analgésico. Embora possa provocar uma sensação de dor nas papilas gustativas das pessoas mais sensíveis, seu uso tópico parece aliviar a sensação dolorosa. Por isso, há cremes para ser aplicado sobre a pele para diminuir a dor de pancadas, por exemplo. A capsaicina em spray também é usada para tratar rinite não alérgica, lombalgias, dores no nervo ciático. Pode também ser consumida via oral no tratamento de dores gástricas. Mas tudo isso está em fase experimental", diz Werutsky.


Além dos princípios ativos da piperina e, principalmente, da capsaicina, as pimentas são também uma excelente fonte de vitaminas - principalmente A,E e C -, ácido fólico, potássio e zinco, além de flavonóides. Todas essas substâncias tem propriedades antioxidante, que protegem os órgão do envelhecimento. "As pesquisas tem apontado também que a pimenta é uma aliada na prevenção de doenças como o câncer, já que a capsaicina inibe o crescimento de células que geram tumor na próstata, pâncreas e esôfago", diz a nutricionista Jocelem Mastrodi Salgado, da escola superior de agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo, e autora dos livros Previna Doenças. Faça dos alimentos o seu medicamento e Alimentos inteligentes. Guias dos funcionais (Ed. Ediouro). Segundo Jocelem, o uso da pimenta se mostra benéfico também no tratamento da enxaqueca e da depressão. Seu consumo leva a liberação pelo organismo de adrenalina e noradrenalina. "Esses hormônios estão associados ao estado de alerta e ânimo da pessoa, e também ao controle da dor."

Não existe um limite definido da quantidade de pimenta que pode ser consumida, varia muito de pessoa para pessoa. De modo geral vale o limite de duas pimentas grandes por dia - do tipo malagueta -, uma no almoço e outra no jantar. Mas o melhor indicativo é mesmo o paladar. Se o alimento causar prazer, vá em frente. e tire proveito de todos os benefícios da ardidinha.

Conheça as diferenças entre as pimentas

  1. Gênero capsium - Nele se encontram as pimentas picantes, como a malagueta, a dedo de moça e a jalapeña, e as doces, como o pimentão e a biquinho. Quanto mais ardida, mais rica em capsaína, substância que dá o ardor e também as propriedades terapêuticas.
  2. Gênero piper - A mais popular é a pimenta-do-reino. Não contém capsaicina. a substância que dá o ardor é a piperina. Suas propriedades terapêuticas são menos estudadas, mas as evidências mostram que ela melhora a digestão.
  3. Gênero pimenta - É a menos popular por aqui, mas abundante na América Central e no Caribe, como a pimenta da Jamaica. Seu ardor vem de óleos essenciais, principalmente das folhas. Na cultura popular, é usada para tratar hipertensão arterial, diabetes, transtornos digestivos e dores abdominais. Mais sua eficiência ainda não foi comprovada cientificamente.


Mais ardida, mais doce
Para quantificar o ardor de uma pimenta, usa-se escala scoville. Ela mede quanto a pimenta tem de ser diluída em água até que seu sabor desapareça. As ardidas são as que tem mais propriedades terapêuticas, mas as doces incrementam os pratos.

Ardidas
  • Naga Jolokia - É tida como a pimenta mais ardida do mundo e foi até para o livro dos recordes.


  • Red savina - Bastante comum na Flórida, nos Estados Unidos, onde é usada no preparo de molhos para acompanhar pratos a base de frutos do mar. Sua ardência impede a coagulação do sangue, evita a trombose e alivia a congestão nasal.
  • Caiena É bastante picante. Costuma ser usada na preparação de picles e molhos. É um bom auxiliar na regulação da pressão sanguínea.

  • Calabresa - É bastante ardida e deixa os aperitivos mais saborosos. Alivia sintomas de enxaqueca e mata bactérias.

  • Cumari - Picante e aromática, é usada principalmente em conservas, arroz e carnes brancas. A vermelha é bastante rara. Aumenta a produção de endorfinas, o que leva à melhora do humor e bem estar.











  • Jalapeña - Originária do México, é consumida in natura ou em pó e molhos. É bem aromática e tem ardência média. Estimula a circulação do sangue no estômago, favorecendo a cicatrização de feridas e aumenta a resistência física.

  • Malagueta - É uma das mais conhecidas no Brasil. É bastante ardida. Combate dores em geral e ajuda na digestão.



Doces
  • Biquinho - É bastante cultivada em Minas Gerais e servida em conserva. A quantidade de capsaicina é bastante baixa, daí o sabor suave.

  • Cambuci - Também conhecida como chapéu de frade/bispo, tem um sabor adocicado e mais suave do que o pimentão.

  • Pimentão - A ardência é bastante baixa e seus benefícios são principalmente nutricionais.





Mitos e verdades
Saiba o que é verdadeiro e o que é falso no mundo das ardidinhas

Beba água para diminuir a ardência.
Falso. A capsaicina e a piperina são pouco solúveis a água. Por isso não adianta nada tomar um copão. para diminuir a sensação de ardor, coma algo que aumente a absorvição das substâncias como pães, arroz, leite e azeite.

O ardor está principalmente nas sementes.
Verdadeiro. Para diminuir a ardência sem perder as propriedades, uma boa dica é tirar as sementes e a parte branca.

Ela é afrodisíaca.
Verdadeiro. Os efeitos provocados após a ingestão, como a elevação da frequência cardíaca e sanguínea e sudorese, são muito semelhantes às sensações vivenciadas no ato sexual.

É perigosa para quem tem hipertensão.
Falso. É exatamente o contrário. O composto responsável pela sensação de ardor tem propriedades vasodilatadoras e auxilia na produção de ácido nítrico - molécula que protege os vasos sanguíneos de inflamação.

Pode provocar dor em algumas pessoas.
Verdadeiro. As papilas gustativas das pessoas mais sensíveis interpretam o ardor como uma agressão e o traduzem em dor. 


Porque a pimenta é ardida?
O ardor é uma estratégia da planta para se defender do homem. No decorrer da evolução, as plantas mantém aquelas características que ajudam na sua sobrevivência. Assim é com o ardor. Para este tipo de plantas, é interessante que suas sementes sejam comidas pelos pássaros. Eles engolem a pimenta e, por não ter dentes, suas sementes ficam intactas e saem nas suas fezes. Ao voar para longe, dispersam as sementes, que podem germinar em outro canto. Os pássaros não são capazes de sentir o ardor porque sua língua não tem papilas para detectá-los. Já ser comida pelo homem ou outros mamíferos não é interessante. esses animais esmagam a semente, tornando-as inviáveis para a germinação. Portanto, a planta desenvolveu o ardeu para defender deles. O que a planta não imaginava é que o ardor ia agradar tanto.

Fonte - Por Ivonete Luciro/Viva Saúde

E você gosta de uma pimenta na comida? Agora já sabe o bem que ela faz para o seu organismo. Bom apetite.

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