quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Infância perdida = trabalho infantil





No Brasil, qualquer trabalho exercido por criança e adolescente com menos de 16 anos, exceto na condição de aprendiz, é proibido por lei. Mas não é o que parece. O trabalho infantil ainda é muito evidente. Basta direcionar o olhar para a questão social e lá estará o trabalho infantil vitimando crianças que deveriam estar fazendo somente duas coisa: brincar e estudar. Muitos ainda defendem que começar cedo vai ajudar a vencer na vida mais rápido. Mas é o contrário.
Sem o estudo necessário para brigar pelo mercado de trabalho ficará para trás e se unirá ao censo da pobreza, de pessoas que, apesar de esforçadas, não conseguem dar um rumo melhor em sua vida. E tudo isso, simplesmente, porque não estudou na hora certa, as vezes, por necessidade dos pais em ter mais uma ajuda para sustentar a família.

Na pesquisa do IBGE, em 2010, foi verificado que 4,5 milhões de crianças são utilizadas no trabalho, em diversos segmentos da economia. O dado mais chocante foi ver que o número de trabalhadores infantis se elevou justamente na faixa de idade em que o trabalho é proibido no país: até os 13 anos. Crianças nessa faixa de idade ainda não estão preparadas para a responsabilidade que a rotina do trabalho exige.

Psicologicamente as crianças não suportam a responsabilidade, e se o fazem, é porque são cobrados com rigor no início e aí, sem opção e sem poder reagir negativamente ao trabalho imposto, acabam abandonando as brincadeiras que fazem parte da sua formação e, consequentemente, na maioria das vezes, abandonam os estudos. Os que não abandonam o estudo não conseguem o aproveitamento necessário para uma evolução satisfatória, e assim, não conseguem romper o círculo vicioso da miséria: são crianças pobres que não vão à escola porque trabalham e, por isso, tornam-se adultos desprovidos de qualificação profissional, despreparado para enfrentar a acirrada concorrência do mercado de trabalho. Na maioria das vezes, essas crianças irão fazer o mesmo com seus filhos, repetindo o eterno ciclo da pobreza.

A isso tudo pode-se somar a falta de reflexos, expondo a criança a um número maior de acidentes, por ainda não estar preparada para exercer atividades que exigem concentração. Pelo que temos visto Brasil afora, o país não irá cumprir o acordo de acabar com o trabalho infantil até 2020. E porque isso não vai acontecer? Simplesmente porque seria necessário a união do estado com a sociedade. E isso em menos de 8 anos, por enquanto, acho que não acontecerá. Espero estar errado. Não se pode mais aceitar, em pleno século 21, argumentos equivocados entre criança e trabalho que, geralmente, é acompanhado de preconceito e desinformação. Muitos citam exemplos de pessoas que trabalharam desde muito cedo e hoje são empresários ricos e até famosos. Mas isto não pode ser regra pois, na verdade, é exceção.

Toda criança tem que se preparar para a vida adulta e este preparo passa, obrigatoriamente, pelas brincadeiras e a escola. O que fazer para acabar com este problema? Acabar com a desigualdade social. Mas isso ainda parece distante. Necessita que o governo invista melhor o dinheiro arrecadado, o que nunca foi seu forte, visto que se espalha nos noticiários toda a diversidade da corrupção. Infelizmente, uma em cada 10 crianças estão em situação de trabalho infantil, em suas diversas formas.

Ou seja, ele pode estar nas casa das pessoas, no restaurante do bairro, na esquina daquela avenida....Apesar da legislação nacional deixar isso bem claro, alguns juízes da infância ainda autorizam a prática, com base no argumento de que o adolescente que trabalha pode ajudar a família a ter condições de garantir  seu próprio sustento. Mas, se a família não consegue atender às necessidades de suas crianças e adolescentes, o Estado e até a própria sociedade devem intervir para garantir que esses direitos sejam garantidos. Não deve ser responsabilidade da própria criança ou adolescente trabalhar para se sustentar. Termino com uma citação da poetisa chilena Gabriela Mistral: "Muitas das coisa de que necessitamos podem esperar. As crianças não podem, Agora é o momento: seus ossos estão em formação, seu sangue também e seus sentidos estão se desenvolvendo. A elas nós não podemos responder amanhã, seu nome é hoje".

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