sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Obama, mais uma vez



Uma frase entrou para a história na sucessão presidencial americana de 1992. "É a economia, estúpido", decretou James Carville, marqueteiro de Bill Clinton, dando o norte da estratégia que levaria o democrata à Casa Branca. Duas décadas depois, mesmo com o país em dificuldade para fechar as contas e o trabalhador correndo atrás de emprego, a tática não funcionaria com o republicano Mitt Romney, cujo discurso por um estado mínimo ia contra os interesses das minorias. Mas o velho slogan  ainda tem sua utilidade. No caso, para definir as diretrizes do segundo mandato que Barack Obama acaba de conquistar, em apertada disputa.

E, embora o otimismo do presidente, que comemorou a vitória anunciando que "o melhor estar por vir", o democrata não terá vida fácil. Primeiro, o país está dividido. Apurado um universo de 117 milhões de votos, apenas dois pontos percentuais faziam a diferença no eleitorado - menos de 3 milhões. Segundo, o congresso também se dividiu. A Câmara tingiu-se com o vermelho dos republicanos e o Senado com o azul dos democrats. Terceiro, a economia é dos principais focos de divergência entre os dois partidos. Quarto, não haverá saída para o país se ambos não acordarem em questões econômicas.

No dia da eleição(07 de novembro), Obama se disse "mais determinado e inspirado". O problema é o outro lado apresentar igual ânimo, em sentido contrário. No ano passado, Washington salvou-se por pouco de decretar moratória. Escapou na última hora, quando o parlamento, enfim, aprovou ampliação do limite da dívida pública. Mas o fôlego dado foi curto. O novo teto, de U$$ 16,2 trilhões, deve ser atingido antes que o presidente sopre as velas do primeiro aniversário do novo mandato.

Não se espera um calote dos Estados Unidos. Contudo, os republicanos não afrouxarão o laço se Obama se recusar a ceder em pontos cruciais para a oposição. E, é bom lembrar, Mitt Romney compôs sua chapa com PaulRyan, legítimo representante do Tea Party, ala mais radical do partido. A esta altura, a derrota apertada - um avanço sobre os resultados da eleição passada - é um trunfo que os perdedores vão valorizar, cobrando caro aos vitoriosos. Ciente do que o espera, o presidente já antecipou a disposição para o diálogo e as necessidades  de realizar reformas fiscal e tributária, além de reduzir a dependência do país no setor petrolífero.

No plano externo, em que as divergências entre as duas legendas que realmente importam nos EUA são menos aguçadas, o democrata leva vantagem, por ser mais afeito ao multilateralismo. Nesse momento de crise internacional, com a recessão rondando vários países, ter um líder com características  beligerantes na Casa Branca seria queimar dinheiro, Já Obama, agraciado com um Prêmio Nobel da Paz, provou-se afeito à diplomacia - inclusive na condução do delicado conflito israelo-palestino, em que, sem chance de ser imparcial dada a ligação umbilical com Israel, não deixou de reconhecer direitos do outro lado.


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