quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Uveíte. Você sabe o que é isto?




Olhos vermelhos, doloridos e coçando sem parar: dificilmente, esses sintomas seriam associados a outra moléstia que não a conjuntivite. Existe, porém, uma complicação ocular muito parecida com essa. A uveíte também se manisfesta dessa maneira, embora tenha causas diferentes da conjuntivite. Abaixo da esclera (que é a parte branca dos olhos, formada por fibras que tem a finalidade de sustentar o órgão), há uma camada de vasos sanguíneos que nutre o olho chamada úvea. A inflamação dessa camada é chamada uveíte. Além da úvea a inflamação pode comprometer outras partes do olho, como a íris, o corpo ciliar, a coroide, o nervo óptico e a retina.



A principal diferença entre conjuntivite e uveíte é a presença de pus, como acontece atrás do olho, não há eliminação de secreções. O pus é liberado para dento do olho. A visão fica embasada e só então o paciente procura o médico. Por isso, muitas vezes a uveíte passa despercebida. Nem todo oftalmologista é capaz de detectar o problema: é preciso procurar um especialista em retina, que dilatará a pupila do paciente para exame detalhado em aparelhos específicos. O mais importante é encontrar um médico que faça o diagnóstico correto. O olho deve ser tratado de acordo com a infecção que ele tem. Se o paciente está com uveíte por conta de sífilis, por exemplo, os remédios são diferentes daqueles receitados para portadores de toxoplasmose.

O que é
A uveíte é uma doença inflamatória parecida com a conjuntivite, porém, mais agressiva. É classificada em anterior, intermediária ou posterior, dependendo do local do olho em que se apresenta. Se não tratada corretamente, pode afetar totalmente a úvea e partes importantes do olho. Pode ocorrer em apenas um olho ou nos dois ao mesmo tempo.


Como ocorre

  • O olho tem diferentes camadas. A primeira é a conjuntiva ( membrana de defesa que impede a entrada de micro-organismo) e a segunda é a esclera ( parte fibrosa, responsável pela sustentação do olho).
  • Abaixo dessas duas, há a iris, o corpo ciliar ( que produz o líquido que preenche a parte anterior do olho, chamado humor aquoso) e a coroide. Essas três estruturas formam a úvea, ou trato uveal.
  • Quando uma ou mais estruturas da úvea se inflamam, a uveíte está caracterizada.
  • Essa inflamação pode ser de origem endógena, ou seja, originada a partir de alguma alteração do organismo.
  • Uma vez afetados, o nervo óptico e a retina nunca mais voltam ao normal, nem mesmo com um transplante.
Diagnóstico

  • Dilatação da pupila.
  • exame de fundo de olho.
  • Verificação da presença de proteínas anormais na parte posterior do olho. Antes do pus se formar, o olho apresenta pequenas formações proteicas. 
Consequências

  • Glaucoma.
  • Deslocamento da retina.
  • Catarata.
  • Cicatrizes na retina que podem reduzir a visão.
  • cegueira.
Sintomas

  • Olhos vermelhos.
  • Dor.
  • Fotofobia ( nome dado a sensibilidade excessiva à claridade excessiva e a luz solar).
  • Embaçamento visual.
  • pontos pretos flutuantes.
Causas

  • Embora ainda não estejam completamente esclarecidas, as principais causas da uveíte estão relacionadas a processos imunológicos ou a baixa umidade.
  • Infecção por vírus, fungos ou bactérias.
  • Traumas oculares ou corpos estranhos no olho.
  • Doenças sistêmicas tais como toxoplasmose, herpes, tuberculose e sífilis.
  • Doenças reumatológicas, como a artrite reumatoide e a espondilite anquilosante (um tipo de reumatismo que acomete a coluna vertebral).
  • Leucemias e linfomas.
Tratamento

  • O tipo de tratamento vai depender do que causou a uveíte. De modo geral, são usados colírios específicos, antibióticos, antivirais ou antifúngicos.
  • No combate à forma autoimune da doença, usam-se corticoides ou imunomodeladores.
  • Nos casos de uveíte anterior, a primeira medida é dilatar a pupila e prescrever anti-inflamatório de uso local, de modo a preservar a anatomia do olho.
Palavra do especialista

Existe algum público mais propenso a ter o problema?
A uveíte ocorre indiscriminadamente. Existe um tipo de toxoplasmose congênita, por exemplo, que é passado de mãe para filho durante a gravidez, especialmente durante os três primeiros meses de gestação. A uveíte se forma na criança e compromete a mácula, o que pode resultar em cegueira total. Primeiro ela produz uma placa de cicatrização e a criança perde a visão central, fica só com a periférica. A toxoplasmose é a causa mais comum de uveíte no Brasil, mas já houve época em que a sífilis e a tuberculose eram as principais causas.
Ultimamente, temos vistos mais casos de pacientes com uveítes ligados a doenças reumáticas, principalmente a artrite reumatoide infantil.

Além das doenças relacionadas, existem comportamentos que podem facilitar a ocorrência do problema, como o uso de lentes de contato?
Não. Lentes de contato não influenciam. O que facilita os casos de uveíte é ser soropositivo - esses pacientes são mais propensos a ter outras doenças como a toxoplasmose.

A uveíte é transmissível?
Não, a uveíte não passa de uma pessoa para outra: ela depende de outros problemas. O paciente com toxoplasmose que faz tratamento, mas não se cura totalmente fica com os protozoários encubados na retina. Se a imunidade desse indivíduo enfraquecer, o toxoplasma se rompe e o paciente adoece, podendo ter uma nova crise de uveíte.

João Eugênio é oftalmologista, neuro-oftalmologista e especialista em uveíte e retina da Clínica de Olhos Dr. João Eugênio.

Para saber mais sobre uveíte acesse este site:
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/uveite/


Dr. Responde

Dores persistentes no corpo podem ser sinal de doenças reumáticas?
Sim. O reumatismo é um conjunto de mais de cem diferentes patologias que, em comum, apresentam no paciente um quadro de dor ou inflamações articulares. As mais prevalentes são as artroses, osteoporose, artrite reumática e a fibromialgia, muito comum entre os adultos acima de 40 anos. A dor atinge diferentes articulações, desde as grandes (joelhos, cotovelos e ombros), as periféricas (mãos, punhos e os pés), e as centrais (coluna cervical, central e lombar). O paciente com dor articular pode ter seu primeiro atendimento no serviço de emergência, onde, será avaliado pelo clínico ou ortopedista e, posteriormente, encaminhado para encaminhamento ambulatorial. A abordagem para um diagnóstico e tratamento mais especializados necessita de exames laboratoriais, de imagens e de apoios de outras especialidades médicas para melhor abordagem terapêutica, condições que permitem um atendimento mais ágil aos pacientes com dores crônicas. O tratamento é composto por anti-inflamatórios hormonais - os corticoides - e não hormonais, os analgésicos de ação central e periférica, além de imunomoduladores. Os principais fatores de risco estão no sedentarismo, sobrepeso, poucas horas de sono, na jornada de trabalho estendida (de 8 a 10 horas por dia) e no estresse. A prevenção está ligada diretamente ao controle de tais fatores e, principalmente, pela adoção de bons hábitos na rotina, como a prática regular de atividade física, controle do peso e redução do estresse.
Drª Sandra Andrade Oliveira e Silva - CRM - DF 3768 - Reumatologista e Clínica Médica

Nenhum comentário:

Postar um comentário

▲ Topo